olhar versus sorriso
Sempre gostei de observar o mundo à minha volta, sobretudo as pessoas, e desde que comecei a entusiasmar-me pela actividade do sketching noto claramente que tudo começa no olhar.
Olhar com olhos de ver é um requisito necessário para melhor registar no papel e guardar na memória.
Olhar com olhos de ver carece de atenção plena, e essa concentração meditativa tem um efeito terapêutico, zen.
Também é o olhar que distingue o fotógrafo.
O olhar da Gioconda, tal como o sorriso, é especial. Os seus olhos fixam os nossos mas, ao invés de transmitir qualquer tensão, parecem compassivos.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Um aniversário especial em Paris


Porquê algo especial para comemorar meio século?
Tenho uma amiga que fez uma tatuagem bem colorida, várias amigas que organizaram festas de arromba. Daqui a uns dias vou a mais uma dessas festas grandiosas.
Eu sonhei partilhar uma viagem a Paris com as minhas filhotas queridas e tornar esse meu aniversário uma memória inesquecível.


Alugámos um T0 no 9º. Arrondissement, perto de Montmartre, por quatro noites e daí partimos diáriamente a pé para ver tudo.
Era inverno mas tivemos sorte, não estava demasiado frio e quase não choveu.
Ao pequeno almoço não podiam faltar os croissants. Eu arranjava-me primeiro e ia comprá-los à boulengerie na esquina da Rue des Martyres.
Só o cheirinho que emanava dos pães, croissantes e patisserie diversa exposta nos balcões era uma inspiração matinal.







Apesar de ser época baixa nos sítios mais emblemáticos, Sacré-Coeur, Tour Eiffel, Notre-Dame, Museu du Louvre e Les Champs Élysées, os turistas proliferavam mas nas ruas em geral viam-se sobretudo residentes, pessoas nas suas rotinas normais de trabalho e escola dado que não era período de férias.
A cidade pareceu-me bastante cosmopolita com muita gente sobretudo do Norte de África e Médio Oriente.
Sem ser na Place Vandôme, onde se situam as grandes casas de alta costura, quase não vimos aqueles franceses típicos bem vestidos e elegantes.
A juventude é aparentemente igual à das nossas cidades portuguesas e europeias, são um estéreotipo formatado pelas séries televisivas e pelas cadeias de lojas de marcas com baixo preço que se propagam iguais por todo o lado.
Não achei a cidade própriamente limpa e os jardins, por ser Fevereiro, não estavam no seu esplendor.
As igrejas, principalmente as catedrais, chocaram-me pelo excessivo sentido comercial. Não é preciso pagar para entrar, como por exemplo na Sagrada Família em Barcelona, mas no seu interior existem demasiados dispositivos e máquinas que vendem velas, imagens de santos e medalhas alusivas, já para não falar no habitual balcão de souvenirs à saída. Não os senti como templos, apenas como monumentos históricos.
Em compensação nas voltas pela cidade encontrámos lojas de extremo bom gosto.

 


No dia dos meus anos fomos de comboio até Versailles. Começámos a visita pelos jardins porque de manhã a fila para entrar no palácio principal que eles chamam Chateau, era de muitas centenas de pessoas.
São imensos os jardins e bosques, diferentes áreas e construções, casas e museus como o Petit e o Grand Trianon, o Domaine de Marie Antoinette, retratos retalhados da monarquia francesa do século XVII.
Andámos quilómetros, visitámos Le Hameou de La Reine que era uma espécie de quinta, e percorremos a margem do Grand Canal onde até se pode passear de barco.



Almoçámos muitíssimo bem no restaurante La Flottille situado na zona de serviços no centro do parque. Com comida tradicional bem confeccionada, de realçar o pato confitado e o créme brulée, e um serviço rápido e simpático.
De tarde entrámos finalmente no grande e luxuoso Palácio de Versailles que muito me fez lembrar os nossos Palácios da Ajuda e da Pena, apenas de maiores proporções.




Para terminar em beleza um dia extraordinário, nessa noite fomos jantar a um restaurante ligeiramente mais requintado.
O vinho foi difícil de escolher por falta de referências e conhecimento dos vinhos franceses mas fizemos uma boa escolha graças ao atendimento atencioso que nos foi prestado.
Escolher os pratos e as sobremesas foi bem mais fácil e tudo se revelou um primor e uma delicadeza de sabores que fizeram render-me à cozinha francesa. Todos os pratos estavam deliciosos sobretudo a Tartelette au Citron com que me gratifiquei no final.
Não houve bolo de aniversário nem velas nem cantigas desafinadas mas fizemos um brinde especial e eu senti-me tão feliz e abençoada por ter comigo as minhas meninas, os maiores amores da minha vida.
Paris foi um sonho realizado e espero ainda cumprir mais uns quantos nos próximos anos.


PUBLICADO NO BLOG o doce nunca amargou / PARTILHADO NO BLOG sorriso de gioconda


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