O bairro deve o nome aos mouros que aqui ficaram confinados quando a cidade lhes foi conquistada por D. Afonso Henriques, o Rei fundador de Portugal, no ano de 1147.
Inicialmente fora das muralhas e virado a norte, de costas para o Tejo, manteve, ao longo dos séculos, um carácter periférico.
Foi, em tempos, um bairro marginalizado e mal frequentado, com problemas de pobreza, exclusão social, prostituição e tráfico de drogas, mas nestes últimos anos tem vindo a ser regenerado e a abrir-se para os visitantes.
As pessoas convivem na rua, nos largos, sentadas nas ombreiras das portas ou à janela.
Com um forte sentido comunitário e, orgulhosas da sua herança histórica, são genuinamente inclusivas.
Aqui residem muitos indianos, chineses, brasileiros, russos ou de outros países de leste e árabes, mas a maior comunidade estrangeira é do Bangladesh.
E são deles a maioria das novas lojas e restaurantes com que me deparo ao avançar pelas ruelas sinuosas.
Há também projectos artísticos e culturais que dinamizam os residentes neste bairro.
Os largos e as ruas estão repletos de arte urbana, seja em instalações ou em pinturas murais.
É incontornável referir o Fado pois foi aqui que ele nasceu com a Maria Severa, a primeira e emblemática fadista, ainda no século XIX.
Daqui são também o Fernando Maurício, a Amália Rodrigues e até a fadista actualmente mais famosa, a Marisa, cresceu neste bairro de Lisboa.
Em todo o lado, em toda a hora se sente a sua presença, como na exposição em forma de tributo, dos Retratos de Fadistas.
À noite canta-se o fado, ao vivo, em várias casas e restaurantes.
De raízes populares, influências árabes na musicalidade e cheio de simbolismos românticos nos poemas e quadras, o Fado é já considerado Património Imaterial da Humanidade.
NOTA : Este post é uma edição melhorada, penso eu, do texto que escrevi como exercício prático no Workshop de Escrita de Viagens em que participei no mês passado.
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