olhar versus sorriso
Sempre gostei de observar o mundo à minha volta, sobretudo as pessoas, e desde que comecei a entusiasmar-me pela actividade do sketching noto claramente que tudo começa no olhar.
Olhar com olhos de ver é um requisito necessário para melhor registar no papel e guardar na memória.
Olhar com olhos de ver carece de atenção plena, e essa concentração meditativa tem um efeito terapêutico, zen.
Também é o olhar que distingue o fotógrafo.
O olhar da Gioconda, tal como o sorriso, é especial. Os seus olhos fixam os nossos mas, ao invés de transmitir qualquer tensão, parecem compassivos.

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Desvendar a Mouraria em sketchs

Lisboa é a cidade das sete colinas que reflecte a luz espelhada no rio Tejo.

Em cada miradouro há uma vista encantadora que revela as singularidades desta cidade nova e velha, o pitoresco e o arrojado moderno, os monumentos, a arquitectura, os jardins e os bairros históricos.

Não tendo o carácter boémio do Bairro Alto ou o charme chique do Chiado, a Mouraria é o bairro mais multicultural de Lisboa.



Depois de desvendar a Mouraria no âmbito de um exercício prático, no Workshop de Escrita de Viagens, fiquei com imensa vontade de lá voltar para a desenhar.

Coincidiu com a organização do encontro dos Foto&Sketchers 2 Linhas num final de tarde de "Rabiscos e Petiscos".




O ponto de encontro foi o Largo da Severa onde há tantos motivos interessantes para o sketching que quando demos por isso já estava a anoitecer e ninguém teve oportunidade de se afastar dali e explorar outras ruas.


Passámos de imediato à fase dos petiscos, desta vez sem mais rabiscos, porque o convívio e a conversa também são muito importantes.


quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Desvendar a Mouraria em Lisboa

Imaginando-me turista, entrei na Mouraria por uma ruela estreita atrás do Centro Comercial construído recentemente junto à Ermida de Nossa Senhora da Saúde do século XVI.

O bairro deve o nome aos mouros que aqui ficaram confinados quando a cidade lhes foi conquistada por D. Afonso Henriques, o Rei fundador de Portugal, no ano de 1147.
Inicialmente fora das muralhas e virado a norte, de costas para o Tejo, manteve, ao longo dos séculos, um carácter periférico.

Foi, em tempos, um bairro marginalizado e mal frequentado, com problemas de pobreza, exclusão social, prostituição e tráfico de drogas, mas nestes últimos anos tem vindo a ser regenerado e a abrir-se para os visitantes.






Ao percorrer as ruas medievais constato como a sua configuração aproxima os moradores e mantém o espírito de vizinhança. 
As pessoas convivem na rua, nos largos, sentadas nas ombreiras das portas ou à janela.
Com um forte sentido comunitário e, orgulhosas da sua herança histórica, são genuinamente inclusivas.
Aqui residem muitos indianos, chineses, brasileiros, russos ou de outros países de leste e árabes, mas a maior comunidade estrangeira é do Bangladesh.
E são deles a maioria das novas lojas e restaurantes com que me deparo ao avançar pelas ruelas sinuosas.

Há também projectos artísticos e culturais que dinamizam os residentes neste bairro.
Os largos e as ruas estão repletos de arte urbana, seja em instalações ou em pinturas murais.



É incontornável referir o Fado pois foi aqui que ele nasceu com a Maria Severa, a primeira e emblemática fadista, ainda no século XIX.



Daqui são também o Fernando Maurício, a Amália Rodrigues e até a fadista actualmente mais famosa, a Marisa, cresceu neste bairro de Lisboa.

Em todo o lado, em toda a hora se sente a sua presença, como na exposição em forma de tributo, dos Retratos de Fadistas.
À noite canta-se o fado, ao vivo, em várias casas e restaurantes.

De raízes populares, influências árabes na musicalidade e cheio de simbolismos românticos nos poemas e quadras, o Fado é já considerado Património Imaterial da Humanidade.





NOTA : Este post é uma edição melhorada, penso eu, do texto que escrevi como exercício prático no Workshop de Escrita de Viagens em que participei no mês passado.



quarta-feira, 7 de setembro de 2016

Foz do Arelho - uma das maravilhosas praias da costa portuguesa

Portugal é um país geograficamente pequenino, mas de uma imensa riqueza natural e cultural.

De norte a sul, a nossa costa tem tantas e tão diversas praias: pequenas ou com extensos areais, rodeadas por dunas, por falésias ou por rochas, ventosas ou abrigadas, de mar revolto ou de águas serenas, lindas ou lindíssimas.

Há algumas com características especiais, como a da Foz do Arelho.
No mesmo areal tem de um lado o mar, frio, com ondulação caprichosa e raramente com bandeira verde, e do outro lado o fim da lagoa de Óbidos, com água salgada um pouco menos fria, ondas incipientes, perfeita para nadar e para as crianças brincarem à vontade.

Foi aí que fiz este sketch com vista para a outra margem, o Bom Sucesso.


Esta região, nomeadamente a Foz do Arelho, Caldas da Rainha e Óbidos, tem muitos encantos.

Adoro dar uma escapadinha até lá, sobretudo no inverno (desde que não chova).





segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Escrita de Viagens

Em Agosto fiz um Workshop de Escrita de Viagens com o Filipe Morato Gomes que tem "Alma de Viajante".

A generosidade com que o Filipe partilha conhecimentos e experiência é contagiante e inspiradora.
O grupo, quase exclusivamente de mulheres, bem disposto e comunicativo também contribuiu para o sucesso do workshop.
Não há fórmulas mágicas que resolvam as dificuldades de cada um, mas as dicas de quem já tem alguns anos de prática são valiosas.

Talvez por defeito profissional, a minha tendência é escrever de forma objectiva e factual, mas gostava de conseguir exprimir-me melhor em palavras.
Escrever é um exercício que tenho vindo a fazer, mais nestes últimos anos, com a convicção de que tudo na vida se pode aprender, basta trabalhar para isso.
Basta não desistir.

No fundo gostava de ser uma boa contadora de histórias. 
É isso!



Quando recentemente fiz a minha primeira e ainda pequenina viagem sozinha, tive uma espécie de revelação.
Foi preciso sair da minha zona de conforto, enfrentar os meus receios e de repente perceber que tudo faz sentido.
Mais do que descobrir o resto do mundo, quero viajar para me encontrar.

Participar neste workshop foi muito além de receber ensinamentos para bem escrever e orientações para ser cronista ou blogger de viagens. 
Mais importante é entender como é possível fazer o leitor viajar connosco através de um texto que partilhe a verdadeira essência da viagem.

O Filipe contagia o mais incauto com a sua paixão pelas viagens.
Pessoalmente e nos textos inspiradores que escreve.
"Alma de Viajante" não é só um blog de guias turísticos, bem recheado de dicas e informações úteis para planear viagens. 
Posts como "Viajar para ser feliz" ou "Não tenhas medo de viajar sozinho" são tão assertivos e motivadores que qualquer alma pode ser imbuída de um espírito vagabundo.